O novo telemóvel 5G com um ecrã dobrável da Huawei, uma versão melhorada do Mate X, chega a Portugal já no próximo mês por 2499 euros. À semelhança do modelo anterior, o Mate Xs tem um ecrã com 8 polegadas que se dobra em dois ecrãs autónomos (um com 6,6 polegadas e outro com 6,38 polegadas). É ao lado do ecrã mais pequeno que estão as câmaras. O PÚBLICO pôde experimentá-lo brevemente, esta segunda-feira, num evento da marca em Lisboa, depois da apresentação de Richard Yu, director executivo para a área de consumo da empresa chinesa, que foi transmitida em directo de Barcelona.
Apesar da cidade espanhola cancelar o Mobile World Congress (MWC), a grande feira de Fevereiro dedicada ao sector móvel, devido ao surto do novo coronavírus (Covid-19), a empresa chinesa decidiu manter o calendário de apresentação de novos produtos.
O arranque do evento foi dedicado ao novo Mate Xs. “Esforçámo-nos para melhorar a eficiência do aparelho, ao diminuir o consumo de bateria. Era um dos pontos-chave para o telemóvel”, disse Richard Yu em palco, frisando que o aparelho “não é um exclusivo para a China” e que a marca está orientada para o mercado global. Embora o precursor, o Mate X, tenha sido anunciado há um ano, em Barcelona, a Huawei teve dificuldades em lançar o aparelho na Europa devido à guerra comercial com os EUA, que, em 2019, impediu a Huawei de utilizar vários serviços da gigante norte-americana Google. Isto inclui actualizações do Android que o Google desenvolve, ferramentas para programadores e a loja de aplicações. Tal como os mais recentes aparelhos da Huawei, o Mate Xs vem com o sistema operativo EMUI 10, que é a versão do Android 10 da Huawei — sem as aplicações da Google.
Ao agarrar no telemóvel, a primeira coisa que se nota é que – com 300 gramas – o Mate Xs é mais pesado do que aquilo a que se espera de um smartphone. E, apesar de o aparelho lembrar um livro, para conseguir abrir o ecrã é preciso pressionar um botão na barra onde estão as quatro câmaras. A empresa diz que é propositado: um Mate Xs não se abre acidentalmente.
Quando aberto, o Mate Xs permite ter múltiplas aplicações a funcionar, lado a lado, em simultâneo. Por exemplo, é possível ter a galeia de imagens aberta ao lado de uma aplicação de mensagens e transferir texto, imagens e documentos de um lado ao outro ao arrastar e soltar o conteúdo.
A dobradiça mecânica, que a marca apelida de “asas de falcão” (falcon wing, em inglês) também foi actualizada: o novo modelo é feito com zircónio, que é 30% mais resistente que o titânio e deve conferir mais robustez ao aparelho. Aberto, há alguns ângulos em que é possível ver um pequeno relevo na região da dobra, embora este não seja visível quando se olha o ecrã de frente. Contrariamente ao novo dobrável da Samsung, o Galazy Z Flip, que é feito de vidro, o ecrã do Mate X continua a ser plástico.
“Portugal aberto a experimentar novos produtos”
A Huawei está confiante no bom desempenho dos novos aparelhos em Portugal. “É um país muito aberto a novos produtos na área da tecnologia de consumo”, disse ao PÚBLICO Shen Yun, responsável pela unidade de consumo da Huawei em Portugal. “Na China, onde trabalhei antes, as pessoas não gostam de pagar um produto em várias prestações. Se podem comprar, pagam tudo de uma vez. Se não podem, poupam e vão comparando bem vários dispositivos. São mais reticentes. Em Portugal as pessoas são mais abertas para arriscar com produtos novos.”
O investimento da Huawei em novos aparelhos dobráveis chega numa altura em que o mercado continua em queda com consumidores que demoram cada vez mais tempo a trocar de telemóvel. A média actual ronda os 28 meses (mais de dois anos) segundo dados de várias empresas de análise de mercado, como a Counterpoint Research, a Deloitte e NPD Connected Intelligence.
Shen Yun acredita que os ecrãs dobráveis podem revitalizar o sector.“Estão a tornar-se numa tendência,” notou Yun. “Não há apenas um alvo e não tem necessariamente a ver com o preço. Há vários públicos a que queremos apelar: desde homens de negócio, fãs ávidos de videojogos, a pessoas que procuram um telemóvel capaz de fazer muitas coisas ao mesmo tempo.”
E mesmo com as restrições dos EUA e a popularidade dos novos iPhone durante a época natalícia, a Huawei acabou 2019 no segundo lugar no pódio das fabricantes de telemóveis preferidas pelos consumidores (atrás da sul-coreana Samsung), ao enviar 240,6 milhões de telemóveis para retalho.
A bateria do novo Huawei Mate Xs promete mais 21% de autonomia, conseguindo carregar 85% em 30 minutos. Vem com 8 gigabytes de memória interna, 512 gigabytes de armazenamento, e o novo processador Kirin 990 5G. As câmaras estão organizadas numa barra lateral do dispositivo: há quatro lentes, uma principal de 40 megapíxeis e outras duas de 16 megapíxeis e 8 megapíxeis, respectivamente. Há ainda uma câmara equipada com um sensor para detectar profundidade em 3D (isto é feito ao calcular a distância entre a lente e o objecto da fotografia ao medir o tempo de idade e volta da luz).