O momento que vai ficar para a história Jonathan Ernst /REUTERS
Donald Trump concluiu a conferência de imprensa reafirmando a importância histórica da cimeira com Kim Jong-un e que será importante concretizar os objetivos definidos.
Sobre se a conversa com Kim foi gravada, Trump disse não ter a certeza e, de qualquer forma, isso seria pouco importante. “Tenho uma das maiores memórias de todos os tempos”, explicou.
Negócios
Trump elogiou as “belas praias” existentes na Coreia do Norte e disse ter dito aos norte-coreanos que “poderia ter os melhores hotéis do mundo”.
“Pensem nisto numa perspetiva imobiliária”, disse aos jornalistas o dono de uma cadeia hoteleira com o seu nome.
Cimeira superou expectativas de Trump
Trump referiu que ter obtido melhores resultados do que esperava do encontro com Kim, saudou a disponibilidade do líder norte-coreano quanto à questão dos prisioneiros de guerra e desaparecidos em combate e admitiu a possibilidade de haver “nova cimeira” com o seu homólogo.
“Não se pode garantir nada”
Trump afirmou que “não pode se pode garantir nada” quando questionado sobre como verificar que a Coreia do Norte irá agir no sentido da desnuclearização.
“Pode-se garantir-se alguma coisa? Não se pode garantir nada”, replicou Trump.
“Penso que [Kim] quer fazer um acordo”, prosseguiu Trump, assumindo essa intenção do presidente norte-coreano como o aspeto mais importante.
Trump disse ainda que os prisioneiros políticos norte-coreanos serão “um dos grandes vencedores” do dia de hoje
Exercícios “provocadores e inapropriados”
Donald Trump disse que o processo de desnuclearização “cientificamente demora muito tempo” e que as sanções em vigor “serão levantadas” quando houver “a certeza de que as armas nucleares deixarem de ser uma preocupação”.
O presidente norte-americano adiantou que convidará Kim a visitar a Casa Branca “na altura apropriada” e que o mesmo acontecerá com a sua deslocação a Pyongyang.
Questionado sobre os exercícios militares, Trump qualificou-os como “provocadores e inapropriados” e considerou-os muito dispendiosos.
Parar “jogos de guerra”
Trump disse que a questão dos direitos humanos foi abordada com Kim e, quanto aos mecanismos de verificação do processo de desnuclearização, referiu que isso irá ocorrer por parte de responsáveis das duas Coreias e de observadores internacionais.
O presidente dos EUA admitiu também suspender os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul: “iremos parar os jogos de guerra.”
Fazer a paz
Donald Trump afirmou esta terça-feira que, embora muitos possam fazer a guerra, “só os mais corajosos podem fazer a paz”.
Em conferência de imprensa, cerca de uma hora após a assinatura do acordo com Kim Jong-un, Trump disse que o documento permite antever a reunião das famílias coreanas e que os coreanos do norte e do sul possam “viver juntos”.
Momentos antes, em declarações à ABC, Trump disse confiar em Kim e que o líder norte-coreano também confia nele.
Trump afirmou ainda que o acordo permitirá aos EUA pouparem muito dinheiro e desvalorizou o registo da Coreia do Norte em matéria de direitos humanos, reafirmando que Kim Jong-un é “muito talentoso”.
PONTOS PRINCIPAIS
Um dos pontos principais do acordo assinado entre os EUA e a Coreia do Norte é o compromisso de trabalharem na questão dos restos mortais dos prisioneiros de guerra e desaparecidos em combate, incluindo a imediata repatriação dos que já estão identificados, indica o Wall Street Journal.
O compromisso mútuo de estabelecer novas relações no sentido da paz e prosperidade dos dois povos, e desenvolver esforços conjuntos para construir uma paz duradoura e estável na península coreana, são outros pontos principais.
O TEXTO DO ACORDO
O documento assinado por Trump e Kim, citado pela Reuters, diz o seguinte:
“O Presidente Donald J. Trump dos EUA e o Presidente Kim Jong-un da Comissão de Assuntos de Estado da República Democrática Popular da Coreia (RDPC) realizaram uma primeira cimeira histórica em Singapura em 12 de junho de 2018.
O Presidente Trump e o Presidente Kim Jong-un realizaram uma troca de opiniões abrangente, profunda e sincera sobre as questões relacionadas com o estabelecimento de novas relações EUA-RPDC e a construção de um regime de paz duradouro e robusto na Península Coreana.
O Presidente Trump comprometeu-se a fornecer garantias de segurança à RPDC, e o Presidente Kim Jong-un reafirmou o seu firme compromisso de completar a desnuclearização da Península da Coreia.
Convencidos de que o estabelecimento de novas relações EUA-RPDC contribuirá para a paz e a prosperidade da península coreana e do mundo, e reconhecendo que a construção da confiança mútua pode promover a desnuclearização da Península Coreana, o Presidente Trump e o Presidente Kim Jong-un declaram o seguinte:
1. Os Estados Unidos e a RPDC comprometem-se a estabelecer novas relações EUA-RPDC de acordo com o desejo dos povos dos dois países pela paz e prosperidade.
2. Os Estados Unidos e a RPDC vão unir esforços para construir um regime de paz duradouro e estável na Península da Coreia.
3. Reafirmando a Declaração de Panmunjom de 27 de abril de 2018, a RPDC compromete-se a trabalhar para a desnuclearização completa da península coreana.
4. Os Estados Unidos e a RPDC comprometem-se a recuperar prisioneiros de guerra/desapareciados em combate, incluindo o repatriamento imediato daqueles já identificados. Tendo reconhecido que a cimeira EUA-RPDC – a primeira da história – foi um evento memorável de grande significado e superando décadas de tensões e hostilidades entre os dois países e para a abertura de um novo futuro, o presidente Trump e o presidente Kim Jong-un comprometem-se a implementar o estipulado nesta declaração conjunta de forma completa e expedita.
Os Estados Unidos e a RPDC comprometem-se a realizar negociações subsequentes lideradas pelo Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e por um funcionário relevante da RPDC de alto nível, o mais rapidamente possível, para implementar os resultados da cimeira EUA-RPDC.
O Presidente Donald J. Trump dos EUA e o Presidente Kim Jong-un da Comissão dos Assuntos de Estado da República Popular Democrática da Coreia comprometeram-se a cooperar para o desenvolvimento de novas relações EUA-RPDC e para a promoção da paz, prosperidade e segurança da península coreana e do mundo.
FOTOS DO DOCUMENTO
A Coreia do Norte comprometeu-se a “trabalhar no sentido” da desnuclearização, segundo revela uma fotografia do texto assinado por Trump e Kim.
“O presidente Trump comprometeu-se a dar garantias de segurança à República Popular da Coreia do Norte, e o presidente Kim Jong-un reafirmou o compromisso firme e inabalável de completar a desnuclearização da Península Coreana”, lê-se no documento.
Pequim elogia cimeira “histórica”
A China qualificou a cimeira como “histórica” e apelou a uma “desnuclearização total” para ultrapassar as tensões na península coreana.
Trump e Kim “estarem juntos e falarem como iguais tem um significado importante e positivo, e está a criar uma nova história”, disse aos jornalistas o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi.
“O cerne da questão nuclear da península [coreana] é a segurança. A parte mais importante e difícil desta questão de segurança para os EUA e a Coreia do Norte é sentarem-se para encontrarem uma forma de resolução através de conversações entre iguais”, adiantou Wang Yi, citado pela France Press.
A par da “desnuclearização total”, o governante chinês defendeu a necessidade de haver “um mecanismo de paz para a península” capaz de satisfazer as “razoáveis preocupações de segurança” norte-coreanas, acrescentou.
Fim da cimeira
Os dois líderes já deixaram o hotel onde se realizou a cimeira. Trump disse que dará uma conferência de imprensa na próxima hora, antes de deixar Singapura.
Novo aperto de mão
Donald Trump e Kim Jong-un surgiram junto às escadas do hotel com o documento assinado nas mãos. “Tivemos um dia magnífico e aprendemos muitos sobre cada um de nós e dos nosso países”, referiu o presidente norte-americano.
Sobre Kim Jong-un, “aprendi que é um homem muito talentoso e também que ama muito o seu país”, acrescentou Trump, dando de seguida novo e prolongado aperto de mãos com o homólogo norte-coreano.
Questionado sobre se haverá novos encontros ou convidará Kim a visitar a Casa Branca, Trump disse que sim a ambas as questões.
Documento histórico
O presidente norte-americano e o líder norte-coreano assinaram “um documento muito importante”, nas palavras de Kim Jong-un.
O líder da Coreia do Norte afirma tratar-se de um “documento histórico.” E que o “mundo verá uma grande mudança”.
O Presidente dos Estados Unidos tinha já afirmado que a cimeira histórica com o líder norte-coreano “correu melhor do que alguém poderia imaginar”.
“Foi um encontro verdadeiramente fantástico”, adiantou Donald Trump à imprensa, à saída de um almoço de trabalho com Kim Jong-un – momentos antes da assinatura do “documento histórico”…………..
FONTE DN.PT