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Fazer a América pobre outra vez (com as alterações climáticas)

Quinta-feira, Trump fez piadas no Twitter, negando a existência de alterações climáticas; no dia seguinte, a Casa Branca divulgou um relatório-choque que prevê grandes perdas económicas para os EUA se nada for feito para contrariar o efeito de estufa.

“Frente fria brutal que pode bater TODOS OS RECORDES – O que raio aconteceu ao Aquecimento Global?”

Este tuite de Trump, a 22 de novembro, feriado nacional de Thanksgiving (Dia de Ação de Graças), teve resposta dada pela própria Casa Branca no dia seguinte: a divulgação de um relatório-choque que prevê, caso nada seja feito para contrariar o efeito de estufa, uma quebra de 10% do PIB americano até ao fim do século, causado por um sem número de desgraças ambientais e humanas.

Ou seja, exatamente o contrário do que o presidente americano tem vindo a prometer quando defende a saída dos EUA do Acordo de Paris, assinado pelo seu antecessor e no qual os países signatários se comprometem a baixar as emissões de carbono, e a desregulação ambiental, revogando uma série de medidas e leis criadas por Obama, com a justificação de que tal vai ajudar a economia. Parece que não: o relatório de 1656 páginas, produzido por 13 agências a mando do Congresso, diz que, se nada for feito, até ao fim do século as mortes atribuíveis ao calor custarão 141 milhares de milhões de dólares, a subida das águas do mar 118 milhares de milhões e os danos a infraestruturas 32 milhares de milhões. Outras previsões incluem disrupção no fornecimento de bens no país e nas exportações, colheitas agrícolas a baixar para os níveis da década de 1980 e a época dos fogos a alastrar ao sudoeste do país.

Catástrofe sem fronteiras

Por outro lado, o documento certifica que os fogos florestais na Califórnia, que este ano atingiram recordes e mataram pelo menos 87 pessoas (Trump, recorde-se, atribuiu à má gestão florestal deste estado maioritariamente democrata), assim como problemas nas colheitas no Midwest, danos nas infraestruturas no Sul devido à subida do nível das águas e alterações nas pescas são já efeitos das alterações climáticas. E anuncia: nenhuma área do país escapará. No Sudoeste as secas afetarão as barragens e o fornecimento de energia e limitarão ainda mais o de água; no Alasca, o derretimento do gelo subirá o nível das águas obrigando as populações a migrar; em Porto Rico e nas Ilhas Virgens a água salgada contaminará a doce.

O relatório de 1656 páginas diz que, se nada for feito, até ao fim do século as mortes atribuíveis ao calor custarão 141 milhares de milhões de dólares aos EUA, a subida das águas do mar 118 milhares de milhões e os danos a infraestruturas 32 milhares de milhões.

Mas os problemas para os EUA não serão só consequência dos efeitos das alterações climáticas no país: o que sucederá noutras zonas da terra terá também impacto negativo na economia americana. Aliás, esses efeitos já começaram, diz o relatório, exemplificando com as grandes cheias na Tailândia em 2011: uma companhia americana de computadores que localizou a produção de 60% dos seus discos rígidos naquele país sofreu quase 200 milhões de dólares de prejuízos e reduziu a produção para metade no final de 2011, o que implicou um aumento de preços que afetou todo o mercado de computadores nos EUA. Mas as consequências não se atêm a quebras na produção: à medida que outros países são afetados pelos desastres ambientais, a procura externa tenderá a decrescer, reduzindo o mercado das exportações americanas. Resumindo: o problema é de todos e só se resolve globalmente; não há muros que parem as alterações climáticas.

“Há um contaste bizarro entre este relatório, publicado por esta administração, e as políticas desta administração”

“Há um contaste bizarro entre este relatório, publicado por esta administração, e as políticas desta administração”, disse ao New York Times o físico e especialista em alterações climáticas Philip B. Duffy, presidente do Woods Hole Research Center, considerado um dos mais importantes centros de estudos mundiais sobre a matéria. Já Michael Oppenheimer, professor de Geociência e Assuntos Internacionais na Universidade de Princeton, considera, também segundo o NYT, que o relatório vai fragilizar a posição legal da administração no seu propósito de revogar as leis e regulamentos que visam combater as alterações climáticas, fortalecendo as dos que tencionam desafiar essa intenção da Casa Branca nos tribunais.

Mas a verdade é que, se este relatório é muito mais claro que os anteriores no que respeita à contabilização de prejuízos económicos, não traz muitas novidades em relação às consequências ambientais das alterações climáticas a curto e longo prazo: Subida do nível da água do mar, secas, inundações, carência de água potável, mortes por calor, vagas de frio intenso — nada disto é exatamente uma revelação inédita. E, aparentemente, nada do que até hoje foi dito pelos cientistas, nem os efeitos que já se constatam nos EUA e no resto do mundo – incluindo as vagas de frio que pelos vistos tanto o encantam – convenceram até agora Donald Trump, que continua entrincheirado no seu negacionismo.

FONTE DN.PT

FOTO © REUTERS/Leah Millis

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