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Mensagem de Ano Novo de Marcelo? Partidos acusam-na de ser “escassa”

Marcelo Rebelo de Sousa deixou um claro aviso ao Executivo de António Costa na sua mensagem de Ano Novo: 2023 será "decisivo" e só o Governo e a sua maioria absoluta "podem enfraquecer ou esvaziar" a estabilidade política existente em Portugal. Todos os partidos com assento parlamentar (e não só) reagiram à mensagem de Ano Novo do Presidente da República.

Como já é tradição, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, partilhou a 1 de janeiro a sua mensagem de Ano Novo. Todos os partidos com assento parlamentar (e não só), da Esquerda à Direita, aprontaram-se a reagir às palavras do chefe de Estado, que considerou que o ano de 2023 será “decisivo”.

Na perspetiva de Marcelo Rebelo de Sousa, o ano que acabou de ter início “pode vir a ser, no mundo, na Europa e em Portugal, o ano mais importante até 2026, senão mesmo até 2030″.

Recordando que, no mês de janeiro passado, “os portugueses escolheram dar maioria absoluta ao partido que governara nos seis anos anteriores”, o Presidente da República deixou ainda um alerta, perante um contexto marcado pela guerra na Ucrânia, por desafios económicos e, ainda, pela pandemia de Covid-19, que continua sem dar tréguas “em algumas áreas do globo”. “2022 não foi o ano da viragem esperada e entramos em 2023 obrigados a evitar que seja pior do que 2022“, avisou.

Perante este cenário, Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda que só o Governo e a sua maioria absoluta “podem enfraquecer ou esvaziar” a estabilidade política existente em Portugal, lembrando a “responsabilidade absoluta” que advém de um cenário em que o Executivo depende apenas de si próprio para tomar decisões governativas.

A mensagem do chefe de Estado motivou imediatas reações por parte dos vários partidos. O Partido Socialista (PS), pela voz do seu secretário-geral adjunto, João Torres, mostrou-se em “convergência plena” com as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa. E garantiu, além do mais, que existem, da parte do partido que lidera o Governo, todas as condições “para continuar a assegurar a estabilidade política do país”.

A constatação é só uma: 2022 foi um ano perdido e 2023 começa com uma crise política inesperada, curiosamente que surgiu no seio do próprio Governo

Já o principal partido da oposição, o Partido Social Democrata (PSD), reagiu pela voz do presidente da Mesa do Congresso do PSD, Miguel Albuquerque. “A constatação é só uma: 2022 foi um ano perdido e 2023 começa com uma crise política inesperada, curiosamente que surgiu no seio do próprio Governo”, considerou, destacando que essa mesma crise política resulta das “barafundas do Governo” em exercício e que “não radica, pois, nem na oposição, nem no senhor Presidente da República”.

O Chega, por sua vez, fez questão de destacar aquilo que considerou ser uma mensagem de Ano Novo ‘falhada’ por parte do chefe de Estado. Na ótica do presidente do partido, André Ventura, ficou a faltar um “alerta vermelho” ao Executivo socialista. Apesar de reconhecer a importância de Marcelo Rebelo de Sousa não querer “ser um fator de instabilidade”, Ventura fez uma dura crítica ao Presidente da República, porque “foge aos temas que preocupam os portugueses” – como é o caso da “enorme crise política” provocada pelas várias demissões recentes nos Ministérios.

A Iniciativa Liberal (IL), representada pelo líder parlamentar, Rodrigo Saraiva, apressou-se a expressar que se revê parcialmente na comunicação de Ano Novo do chefe de Estado. Ainda assim, não faltaram algumas acusações, pelo facto do partido considerar que o Presidente da República põe, “infelizmente”, todo o “ónus da estabilidade no Governo, o que demonstra que deveria ele próprio ser mais criterioso e mais exigente” com o Executivo, numa altura marcada pelas polémicas que têm assolado alguns governantes.

Já o Partido Comunista Português (PCP), pela voz do dirigente Jorge Pires, destacou que a mensagem emitida no domingo ilustrou que Marcelo Rebelo de Sousa partilha, no “fundamental”, das visões do próprio Governo. “Neste início do novo ano, o que os portugueses esperariam ouvir do senhor Presidente era a afirmação do seu papel em fazer cumprir a Constituição e os direitos que nela estão consagrados”, referiu o comunista, que destacou ainda que, “nesse plano”, a mensagem foi “escassa”.

Presidente da República faz referência a um desfasamento da realidade e, claramente, parece ser essa a situação em que está o Governo do Partido Socialista

Por sua vez, o eurodeputado José Gusmão, em representação do Bloco de Esquerda (BE), disse que, na sua mensagem de Ano Novo, o “Presidente da República faz referência a um desfasamento da realidade e, claramente, parece ser essa a situação em que está o Governo do Partido Socialista”. Nesse âmbito, o bloquista destacou temas como a “não identificação de um conjunto de problemas sociais, nos serviços públicos, na política de rendimentos, na habitação, que precisam de resposta” e de uma “atuação radicalmente diferente daquela que está a ter o Governo do PS”.

Também o PAN (Pessoas – Animais – Natureza) ofereceu a sua leitura sobre a comunicação do Presidente da República ao país. Em declarações à RTP3, a porta-voz Inês de Sousa Real alegou esperar que, no ano que acaba de ter início, Marcelo Rebelo de Sousa, “enquanto Presidente da República, se mantenha vigilante”, com vista a garantir a tão desejada estabilidade política. Porém, a líder do partido ecologista apontou ainda que, nesta mensagem, o chefe de Estado “deixou um recado importante para a maioria absoluta: a sua autorresponsabilidade”.

Para concluir o leque dos partidos com assento parlamentar, o Livre, por via do seu deputado único, Rui Tavares, concordou com a posição de Marcelo Rebelo de Sousa, de que “2023 é decisivo”. Naquilo que defendeu ser uma mensagem “muito clara”, o também dirigente do partido referiu ainda que “Portugal tem 10 anos para se reinventar e é bom que o Presidente da República”, bem como os “políticos em geral”, ajam em conformidade.

Também Nuno Melo, o líder do CDS-PP, partido que neste momento não faz parte da Assembleia da República, fez questão de reagir a este momento de comunicação de Marcelo Rebelo de Sousa, defendendo que este ano a “enorme instabilidade política” vivida no país poderia ser resolvida. Na sua perspetiva, o tempo “virá dar razão” a todos aqueles que, até agora, já pediram ao chefe de Estado a dissolução do Parlamento, visto que a “atual conjuntura tem tudo para piorar”.

O discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, transmitido na televisão portuguesa no primeiro dia do ano, foi a sua sexta mensagem de Ano Novo enquanto chefe de Estado, num contexto que fica claramente marcada pela crise política vivida no país, decorrente da demissão de vários governantes socialistas.

Fonte
noticiasaominuto.com
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